18/06/10

A hora do Alegre!


Por: Catarina Marcelino (deputada)

Muito se tem falado do apoio do Partido Socialista a Manuel Alegre, caracterizando-o por divisionista e pouco entusiasta.
Há quem defenda que deveria haver outro candidato, que o Manuel Alegre teve posições recentes contra o Partido Socialista, que o Manuel Alegre foi apoiado de imediato pelo Bloco de Esquerda, e até que o PS não deveria apoiar nenhum candidato deixando a decisão a cada um dos militantes sem orientação partidária.

Parece-me que é fundamental termos em atenção as circunstâncias políticas do país e o que implica posições de desmoralização das dinâmicas de apoio à candidatura que, para o bem e para o mal, é neste momento a candidatura que é apoiada pelo Partido Socialista.

Não nos podemos esquecer que o candidato da direita é Cavaco Silva. Um candidato culturalmente pequenino, conservador nos costumes, que não tem dimensão para representar dignamente Portugal.

Lembremo-nos da votação da Lei das Uniões de Facto, do facto de ter parado o país para fazer declarações sobre a Lei do Estatuto dos Açores, da sua posição no referendo da despenalização da IVG, das declarações que fez aquando da promulgação da Lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou ainda da trapalhada das escutas que nos ocuparam o Verão passado.

Para além do mais, a direita procura realizar um sonho antigo – um Presidente, um governo, uma maioria.
Quanto a mim, contribuirei activamente para combater Cavaco e o sonho da direita. Como socialista não posso, através da imobilidade e da falta de entusiasmo, colaborar para um resultado que considero ser prejudicial para Portugal.
Também o argumento do apoio do Bloco de Esquerda é falacioso. A esquerda apoiar o mesmo candidato presidencial não é novidade, aliás, diria mesmo que tem sido o mais comum. Há quem argumente que os tempos são outros e que a necessidade de entendimentos ao centro na defesa do país fala mais alto.

Parece-me a mim que é de facto necessário, patrioticamente, salvar o país, e para tal haver entendimento entre os Partidos que têm capacidade de governação, mas não é menos importante ao nível dos costumes e da cultura, estarmos ao lado da esquerda não conservadora. O PS tem vivido desta dualidade de quem está ao centro, de quem é responsável e aposta no desenvolvimento de Portugal em todas as suas dimensões.

Manuel Alegre é militante e um histórico do Partido Socialista, é um homem de esquerda que tem uma visão progressista para Portugal e tem uma dimensão cultural considerável. Não tenho escrúpulos em apoiar esta candidatura que, sendo no terreno, a única oposição relevante a Cavaco, e a tudo o que ele representa, deve ser apoiada por aqueles que combatem o conservadorismo e defendem o progresso.

O país está a atravessar um momento difícil, o PSD prepara-se para disputar a governação de Portugal. Não há espaço para hesitações, nem há espaço para mágoas, mas sim, há espaço para o combate político coerente, determinado e dignificante dos valores da esquerda democrática.

Catarina Marcelino - Deputada à Assembleia da República

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