19/05/08

Victor Ramalho deve recandidatar-se à
Federação do PS/Setúbal




Vitor Manuel Sampaio Caetano Ramalho.,
nasceu em Angola em 21-07-1948. Advogado.
É Deputado do Partido Socialista eleito pelo
círculo de Setúbal na X Legislatura.


Cargos exercidos: Deputado na IX Legislatura. Ex-Vice Presidente da Direcção da Cruz Vermelha ortuguesa. Ex- Professor Convidado na Universidade Autónoma de Lisboa. Deputado na VIII Legislatura. Secretário de Estado do Trabalho do IX Governo Constitucional (1984-85). Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Economia (Set.1997-Set.2000). Consultor do Primeiro Ministro (1996-97). Deputado pelo círculo de Vila Real da ante penúltima legislatura e pelo círculo de Setúbal na penúltima e última legislatura;
Membro da Comissão Política do PS. Consultor da Casa Civil do Presidente da República (1985-1995);
Condecorações e louvores: Grã Oficial da Ordem do Infante D. Henrique
Condecorações do Governo Mexicano e do Governo Alemão
Obras publicadas. "As Convenções e Recomendações da O.I.T. Ratificadas por Portugal" (Ed. O Século). "As Partes e a Reforma do Código do Processo do Trabalho" (Edição do Autor). "África - que Futuro?" (Ed. Cosmos). "A Memória do Futuro" (Ed. Europa-América). "Identidade e Globalização". "Questões de Direito do Trabalho";
"A Dança do Fogo";
Comissões Parlamentares a que pertence: Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas. Comissão de Trabalho e Segurança Social (Presidente)

O actual presidente da Federação, Victor Ramalho, deve, em nosso entender, recandidatar-se ao cargo, na próxima eleição que terá lugar em finais do presente ano de 2008.
Esta seria uma boa notícia para o PS e para o Distrito.
Victor Ramalho, é considerado pela larga maioria da classe política distrital, como o melhor Presidente da Federação que o PS já teve.
Na verdade, quer o seu empenho na dinamização do partido, e na implementação de um projecto "à frente" para o Distrito, quer a sua visão superior da política, fazem dele o estilo de político que é necessário que prolifere entre nós.
Dizia Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, no seu discurso em Alcochete, na conferência "Pensar o Distrito de Setúbal" ocorrida em Janeiro passado, que suspeita que no distrito não haja políticos á altura para desempenharem com Excelência, a missão que o actual momento de tão forte desenvolvimento, que esta região vai sofrer exige em qualidade e visão.
Jaime Gama sugeria mesmo, a criação de uma estrutura política intermédia entre o poder local e o central para alcançar aquele desiderato.
Pois bem, o PS distrital já tem à cabeça, um político de primeira linha, falta agora que os outros partidos sigam o exemplo e que dentro de todos surjam protagonismos bastantes e à altura.



CPAS – Clube de Política de Alcácer do Sal: Vitor Ramalho acha que o PS do distrito está à altura do momento histórico que a nossa região está a começar de viver com tão fortes investimentos que estão a apitar ao nosso distrito?

Vitor Ramalho: Tenho me esforçado para que esteja.
Na qualidade de presidente da Federação, procuro elevar o grau de exigência e a qualidade do debate político.
Temos de reforçar as causas. Tenho-me esforçado para estreitar a relação do partido com a sociedade.
Destaco a iniciativa "Universidade de Verão" em Junho do ano passado e a recente iniciativa "Pensar o Distrito de Setúbal" que teve lugar em Alcochete em Janeiro passado.
Sou muito exigente com os camaradas e amigos e comigo próprio, para que honremos o partido socialista, elevemos o debate politico e demos á região cada vez melhor acção politica

Acabe-se com quezilas internas sem sentido
Eu nunca respondo a insultos. Quem ofende nunca tem razão.


CPAS: Acabam de ser eleitas as novas comissões politicas concilias. Esta eleição representou alguma melhoria na compreensão que é necessária melhorar politicamente para acompanhar o surto de desenvolvimento que está a nascer?

V. R: Como democrata que sou respeito os eleitos. Já se verificaram aspectos muito positivos nestas eleições. Em 7 das 13 concelhias verificou-se debate plural entre várias candidaturas. Isso veio melhorar a exigência de debate político. Importa que esse debate se intensifique e seja quotidiano. Importa acabar com quezílias e fricções internas que não fazem qualquer sentido.
Eu nunca respondo a insultos. Quem ofende nunca tem razão.
Somos um partido de poder e estamos no poder. Temos é de mostrar as nossas ideias e lutar por elas. Temos de dar o exemplo.

CPAS: Vai recandidatar-se a presidente da Federação

V.R : Tenho um projecto claro para o Distrito. Vou discuti-lo com os camaradas. Se lhe derem vencimento ponderarei a hipótese de me recandidatar.

CPAS: Sendo sabido que o seu projecto é o mais adequado e "o mais à frente" para o desenvolvimento que o distrito necessita e, sendo certo, que a maioria dos camaradas vê em si, o melhor presidente que esta Federação já teve, tê-lo-emos então, por certo, na continuidade da Presidência da Federação.

V.R: Vamos ver. Não me movo, em politica por interesses pessoais.

CPAS: Mas considera que o momento actual é de grande esperança para a nossa região?
V. R: É um momento de importantes projectos a serem concretizados no distrito de Setúbal e a região reúne todas as condições para responder ao desígnio nacional de desenvolvimento e de maior aproximação com a Europa e o Mundo. É necessário pensar em conjunto a estratégia do distrito. Os partidos, naquilo que é de estar de acordo tendo antes de tudo o interesse do desenvolvimento do Distrito devem fazer um esforço de entendimento.
Em termos políticos, há a necessidade de uma redefinição da Esquerda, tendo em conta as transformações a que o mundo assiste. Se esta Esquerda não fizer isto, é de uma gravidade enorme. Das transformações no mundo moderno, foco o neo-liberalismo e o que daí resultou, desde a liberalização dos mercados, à globalização que nos transporta para uma proximidade tal, que é preciso perceber a marcha deste mundo. Caiu o mundo bipolar onde deixou de haver uma nítida divisão entre os partidos de Esquerda e os de Direita. Há que interrogar o papel do Estado. A abertura e a liberalização dos mercados foi de tal ordem selvagem que conduziu à contradição de a direita sustentar: "menos Estado, melhor Estado", o que é uma falácia. É o próprio Estado que tem de intervir para salvar o próprio mercado.

Tudo se vai jogar na capacidade que a esquerda tiver de, na lógica do debate de ideias, perceber os erros que foram praticados, depois da queda do mundo bipolar, que levou a estas consequências, onde se aprofundaram as desigualdades sociais, à escala global, e que conduziu à fragilização do poder político. O pensamento tem de ir no sentido de perceber os erros que foram tomados no passado e nós, da esquerda, temos de o perceber e temos de o perceber dentro dos partidos da esquerda e sobretudo no Partido Socialista.


Distrito de Setúbal - potencialidades brutais à escala global.

Portugal é um país central no mapa mundo, cuja entrada e saída se faz, sobretudo, pelo distrito de Setúbal, tendo em conta os dois portos de mar - Sines e Setúbal - como porto de entrada na sua relação euro-atlântica. No país este é o distrito central que faz a ligação entre o norte e o sul, dando-lhe, por isso, potencialidades brutais à escala global. Dada esta centralidade onde poderia ser localizado o aeroporto senão aqui?. A proximidade directa com Espanha, através da Estremadura, é outra potencialidade que deve ser tida em conta, como uma importante estratégia das parcerias que se podem estabelecer.

É uma plataforma brutal para toda a Europa
Na estratégia do país e do distrito de Setúbal há a necessidade de se gerarem factores de unidade, o que me parece que tem falhado. Ao nível político partidário, não se tem apostado numa estratégia de gerir mecanismos que levem à apresentação do distrito como uma realidade e identidade única. Nesta lógica do crescimento globalizado, deve haver uma consciência estratégica a nível de acessibilidades que permita a interligação rodoviária, ferroviária e marítima. Toda a relação comercial marítima deve ser feita pela centralidade que é o distrito, na relação euro-atlântica e que esta relação seja complementada pela função aérea, através do novo Aeroporto de Lisboa que será construído no Campo de Tiro de Alcochete. É uma plataforma importante para toda a Europa. De notar também a passagem do TGV pelo distrito.
Setúbal vai passar de Região Problema a motor de desenvolvimento nacional

Este distrito tem todos os elementos para ser o impulsionador desse desígnio e de fortalecimento de parcerias com outros países. Temos um papel importante enquanto povo e país. Há a necessidade de se estabelecerem parcerias não só com a Estremadura de Espanha, mas através do novo aeroporto, aproveitando a aproximação que se estabelece entre os países e territórios, fomentar parcerias económicas, ajudar os empresários a conhecerem-se e pode ser feito ao nível das Câmaras, Instituições Públicas e Empresas. Uma prioridade para rasgar horizontes, na lógica de gerar riqueza. Mas tudo isto tem de ser acompanhado por uma visão cultural e não meramente económica. Há a necessidade de um redimensionamento dos países com a nossa língua. Um desígnio que é nacional, mas este distrito tem todos os elementos para ser o impulsionador desse desígnio repito. Este distrito que de região problema, que foi sempre, pode ser convertido num motor de desenvolvimento.
CPAS: E como vê o potencial de desenvolvimento de Alcácer?
V. R. São enormes as potencialidades de desenvolvimento turístico e deve-se ter em conta o tradicional e cultural .
O distrito deve ser pensado em conjunto , ultrapassando as visões partidárias
Importa começarmos a dialogar com abertura, de se pensar a estratégia do distrito, ultrapassando as visões partidárias e concelhias. Importa reforçar a consciencialização para objectivos comuns, que sirvam a todos, e não só raciocinar em termos exclusivamente partidários e restritos, pois os partidos não representam a totalidade da Nação.
O país tem desertificação de ideias
As autarquias podem estimular o emprego

O desemprego, que no distrito de Setúbal atingiu uma taxa superior à da média do país, pode ser contrariado pelas autarquias, através do fomento de médias, pequenas e sobretudo de micro empresas. Este não é um problema só do Governo. O país não tem só desertificação do interior, está com desertificação de ideias.
Sobre isso temos muito que melhorar no distrito de Setúbal.

Necessidade de uma análise integrada dos PDM do distrito
E a utilização de instrumentos de participação que fomentem a cidadania.
Como há a necessidade de uma análise integrada dos Planos Directores Municipais (PDM), para possibilitar uma análise sectorial da região. E tendo em conta o momento que o distrito atravessa, a importância de se trabalhar na base do conhecimento, determinante para a base da decisão.
Ramalho é o portador de uma nova concepção cultural e de acção política

Sou um homem de esquerda, defensor de causas e neste âmbito regional, gostaria de ser portador desta nova concepção cultural.
Em todos os desafios que se coloquem, eu estarei disposto a participar, inclusivé a desenvolver outras acções.
E num momento em que se antevêem projectos importantes a serem concretizados no distrito de Setúbal, considero que a região reúne todas as condições para responder ao desígnio nacional de desenvolvimento e de maior aproximação com a Europa e o Mundo. Mas é preciso pensar-se em conjunto, a estratégia do distrito.
CPAS - E como vê o actual poder autárquico?

VR - O poder autárquico tem que conjugar esforços para superar a visão de umbigo. Devem procurar aproveitar sinergias com concelhos vizinhos.

O projecto do PCP para o distrito é que nunca vi

CPAS - No nosso distrito ele é predominantemente CDU

V.R - Eu procuro consenso naquilo que deve ser de união. Quando organizei a iniciativa pensar o distrito de Setúbal, convidei os membros autárquicos de todos os partidos a participarem. O Partido Comunista, na velha lógica de que o PS é um papão, não participou. Esses muros têm que ser derrubados. Se o PCP convidar o PS para projectos que digam respeito ao Distrito, é minha obrigação ir.. É necessário desenvolver uma nova postura cultural. Até que ponto o PCP está a confundir o que é estratégico com o que é conjuntural? Não vejo o PCP apresentar um projecto de futuro, ficando-se no espaço de intervenção reivindicativa que encontra devido á situação mundial onde muita população vive em situação precária. O PCP deixou cair num congresso a ditadura do proletariado, mas mantém a luta de classes numa concepção marxista. Mas o projecto de futuro para Portugal e para o Distrito, que o PCP defende é que nunca vi.

CPAS – Será possível um entendimento entre os partidos para ser gizada uma estratégia sustentada para o desenvolvimento, agora que enorme surto de investimento apita ao distrito?

V.R - É a única maneira. Os partidos têm que conversar e conjugar esforços para se encontrarem os melhores caminhos para a região.

CPAS: O PDM de Alcácer vem da era em que o PCP era poder e é tão errado que, para exemplo, proíbe que se implantem na Zona Central do concelho (quase um terço deste enorme concelho) mais empreendimentos turísticos. Só permite 3 com o máximo de 600 camas, bitola entretanto esgotada.
Como vê a necessidade de rever este obsoleto PDM e em que moldes, agora que também está em fase final de revisão o PROTALI?


V.R… Numa lógica de coesão e auto-sustentabilidade. Não há outra.


CPAS: Como vê o recém nascido Clube de Política de Alcácer do Sal, o seu boletim e blog?


VR Tudo o que seja contribuir para a participação cívica e politica é importante. Neste domínio quantos mais instrumentos de participação surgirem, melhor. Sempre foi esse o meu ponto de vista. Não temo a pluralidade de ideias. Pelo contrário.