13/03/08

RESPOSTA AO PROFESSOR ADELINO LOPES

Caro Adelino
Respondemos ao mail que nos enviou e que publicamos na integra de seguida.

Em primeiro lugar queremos felicitá-lo pela sinceridade e frontalidade com que nos critica e expõe o seu pensamento. Críticas é o que nós queremos e, felizmente, estamos num país de liberdade e pluralismo, matéria em que o partido socialista é campeão.
Se estivéssemos em ditadura de Direita (como infelizmente já estivemos!) ou em ditadura comunista, tinhamos de estar estar calados ou falar pouco (só o que eles achassem conveniente...) porque nos Tarrafais ou nas Sibérias cabiam sempre mais dois...
Mas não. Podemos falar livremente, sem subterfúgios. Se todos assim fizermos mais depressa Alcácer e Portugal descobrirão o que nos interessa e o que devemos abandonar. Mais depressa Alcácer achará a modernidade e o país encontrará um Desígnio Nacional que urge.
E deixe-nos que lhe digamos que é um prazer escrever consigo. Você parece-nos um homem culto, inteligente, realizador (pelo menos em Teatro) destemido, e para nós algo misterioso. Parece-nos que terá dentro de si algum preconceito ideológico que eventualmente, reduzirão, por vezes, análises sociológicas e políticas amplas. E essa nossa suspeição enche-nos de curiosidade porque AO CLUBE DE POLÍTICA DE ALCÁCER DO SAL INTERESSA MUITO, O ESTUDO DO PENSAMENTO E ATITUDES COMPORTAMENTAIS DE ALCÁCER.

Diz o Prof. na peça que teve a gentileza de nos enviar:

1.Compara-nos ao senador americano (republicano ) Joe MacCharty – não deixando de o engrandecer relativamente a nós -, numa alusão a “caça às bruxas” anti-comunista, convocando para o efeito a História que lhe é tão cara, não fosse precisamente a sua área profissional.

2.Critica-nos por confundirmos a gestão autárquica comunista do PCP/CDU com o “comunismo”.

3.Classifica o nosso Boletim “O SÁDÃO” de panegírico do Presidente Paredes, na nossa submissão a esse “Grande Educador e Pai dos Povos do Concelho”, para citar o Professor Adelino.

4.Põe em causa (não crê) que o investimento turistico que se anuncia possa identificar-se com “progresso e desenvolvimento”.

5.Com o humor próprio de um homem culto, despede-se cordialmente, sem pedir desculpa pela sinceridade.

Ora, como o caro professor faz parte de um partido “revisionista” (Bloco de Esquerda) e é um homem da história, vamos responder-lhe do ultimo para o primeiro ponto.

Assim:

5. À alusão ao nosso pedido de desculpas pela frontalidade ( no Boletim O SÁDÃO ), para o não fazer também, não carecia de resposta, não fora aproveitarmos o momento para lhe dizer, que obviamente não somos susceptíveis, e se entendemos por bem fazê-lo, é precisamente porque o Boletim se dirigia ao publico em geral e este não raras vezes, é susceptivel.

4.Não querendo propor-lhe um qualquer exercicio de fé, na verdade, é no Turismo que poderá e estará com certeza a grande solução para a sustentabilidade social de um concelho com elevadas taxas de desemprego. O progresso e desenvolvimento passam certamente pelo emprego, pois que de nada servirá formar homens nas escolas, sem que se lhes ofereça uma saída profissional. Para além de o Turismo ser o sector que mais rápido e em maior quantidade absorverá os indices de desemprego, deverá ser em todo o caso, uma opção estratégica do concelho, pelas suas condições naturais.

3. O SÁDÃO, panegírico do Presidente Paredes, é no minimo falta de rigor intelectual - deliberadamente ou não - , quando vindo do professor. Ousamos, como ninguém, com frontalidade, criticar publicamente o Presidente Paredes, mas de forma superior e construtiva. Não deixaremos de afirmar que nos parece o “menos mau” presidente de todos quantos por cá passaram, no entanto, numa optica de colaboração pelos superiores interesses concelhios, não deixaremos nunca de o criticar sem concessões, como reconhecerá, está patente nas nossas posições.

2. Com o que devemos confundir a gestão autárquica do PCP/CDU? Apenas e só com o comunismo, caso contrário estariamos até a ofender os senhores autarcas que personificaram essa gestão. Entendemos o que quer dizer, que essa gestão apenas se poderá confundir com mais uma experiência interpretativa do comunismo, pois que este é apenas uma teoria e utópica.
Quanto à forma primária, não deixaremos de o corrigir, dizendo-lhe que mais do que isso, é embrionária ou umbilical, pois que para nós como expressámos, o comunismo NÃO EXISTE!
O anti-comunismo primário, em Portugal, é personificado na sua expresssão máxima, pelo lider do seu partido, Francisco Louçã. Atente numa entrevista deste em 2006, nas palavras dos visados, ( o PCP ) que transcrevemos,

O destempero anticomunista e anti-PCP vertido por Francisco Louçã na entrevista que concedeu ao Diário de Notícias não é motivo de surpresa. Pelo contrário: vem na linha de uma postura política que faz do anticomunismo o pão dela de cada dia(...)
(...)estamos perante uma eloquente exibição do bê-á-bá do anticomunismo de todas as idades, épocas e espaços.
Diz o entrevistado que «o Partido Comunista não tem ideologia», isto é, tem, mas «não pode ser dita», porque é «a ideologia de um partido que defendeu o Estado repressivo», já que «o PCP tem 85 anos de história quase todos vividos na base da defesa da União Soviética», «modelo de sociedade (…) grotesco, pavoroso, de destruição da liberdade do povo e da própria ideia do socialismo» - «e é este modelo de sociedade (…) que corresponde à história inteira do PCP».(...)

1.Refutamos determinantemente essa imagem que quer vender de nós – em pequeníssima dimensão intectual – de MacChartyzinhos, não querendo por tal, substituir na história, os grandes serviços prestados pelo Trotskista Russo Sakharov ao Republicano Americano Ronald Reagan...
Para evitar diálogos surdos e com o intuito de que todos os nossos leitores possam perceber, do que ambos estamos a falar, mergulhemos na História do século passado...

No final do século, em 1999, nascia em Portugal um novo Partido (Bloco de Esquerda) ao qual o professor aderiu e no qual se revê, fundado na mescla de Marxistas, Trotskistas, Maoístas e outros, provenientes das ex-UDP, PSR, Politica XXI, MDP-CDE, MRPP e até alguns chamados “moderados” ex-PCP. Na sua base ideária, estão as criticas ao comunismo ou socialismo real e, inclusivé, diz-se no seu manifesto fundador “começar de novo”, passamos a citar:

“(...)um PCP incapaz de entender a complexidade actual da sociedade portuguesa e, assim corporizar mais do que um projecto de resistência. As dificuldades do PCP devem-se em boa medida aos seus próprios limites. Muitos portugueses têm legitimas duvidas sobre a natureza do seu projecto para o país e sobre o seu conceito de democracia, quando vêm um partido com diferentes sensibilidades internas ser incapaz de assumir essa realidade, bem como proceder a uma critica aprofundada dos regimes que existiam a Leste.”

Seria de bom tom da sua parte, não nos confundir com os Republicanos Americanos ( já os Democratas colhem a nossa defesa, se necessário ), e muitos menos com os grandes amigos dos Trotskistas, os próprios Republicanos Imperialistas ( os extremos, tocam-se ), da fase histórica a que aludiu no seu mail.

Em 1940/50, o referido senador é o rosto visivel de um movimento violento anti-comunista, em plena Guerra Fria (1945-1991), que visava denunciar actividades anti-americanas de agentes comunistas infiltrados na administração americana. É certo, tal como são certas as ligações destes aos seus “comparsas”,mas de todo, a nós.

A História não lhe é muito favorável, esta de MacChartyzinhos, é claramente, “um tiro pela culatra”, e veja só, para mal dos seus pecados, que para além da História, ainda tem que levar com o facto de ter sido um ACTOR (de cinema, não de teatro), o presidente dos EUA Ronald Reagan, da facção mais conservadora do partido Republicano, o grande amigo dos Trotskistas, na luta pela queda da URSS.

Aconselhamos que mergulhe na obra “O TROTSKISMO AO SERVIÇO DA CIA CONTRA OS PAISES SOCIALISTAS” de Ludo Marteus, Secretário Geral do Partido dos Trabalhadores da Bélgica, tido como um dos grandes historiadores comunistas, de profundíssimos conhecimentos desta fase. Para lhe poupar tempo e aguçar a curiosidade, deixamos-lhe alguns excertos de tão reputada obra:

“(...)A estratégia central do Trotskismo é o anti-comunismo absoluto”.

“(...)Segundo Mandel, foi na gerência do Republicano Americano Reagan, que se duplicou a infiltração e intervenção capitalista na URSS, e pelas mãos dos Trotskistas”.

“(...)Os Trotskistas, são tratados, como uma corrente oportunista que com teses de restauração capitalista impossivel, se camuflou durante 60 anos, para desertar decentemente e passar ao lado dos anti-comunistas”.

“(...)Segundo Mandel, partidário da Glasnost e da Perestroika de Gorbatchov, este, Yeltsin e Sakharov são seguidistas de Trotsky”.

“(...)Sakharov, representante da “Esquerda Radical”, reputado agente oficial da CIA na URSS”.

“(...)Yeltsin, reconhecidos contactos deste com a CIA, chegou a declarar: O capitalismo não está em declive, ao contrário, floresce”.

“(...)Só mesmo no final, viriam os Trotskistas, comparar Yeltsin a Stalin”.

Somos levados a concluir, sabendo que uma das grandes divergências de Trotsky com a ditadura comunista da ex-URSS, eram as questões burocraticas do estado e as suas variadas e negativas consequências que desvirtuavam o regime, que um qualquer seguidista desse “Grande Educador e Pai dos Povos” Trotsky, não engeitariam o nosso artigo em O SÁDÃO, “A Mentira que é o Comunismo”, bem como os seus sub-titulos:

“O comunismo apenas serve os seus lideres!”

“O comunismo usa o mimetismo com perfeição.”

“Quem tentar discutir a sério é taxado de burro e afastado como perturbador.”

“O comunismo atinge francos delírios psicóticos.”

“Máquina de produção contínua, ininterrupta e eterna de mentiras”

“No comunismo os fins não justificam os meios. São os próprios meios!”

Caro Professor Adelino, para terminar e para que lhe não fiquem duvidas quanto ao nosso posicionamento, descartamos desde já o epiteto de neoliberais e, em harmonia existencial, bebamos um pouco do que nos une: SER DE ESQUERDA.

Para brindar, fomos à garrafeira escolher um vinho velho (84 anos) de qualidade superior: um Mário Soares de 1924

“O colapso do comunismo, identificado com o totalitarismo – os goulags, o desrespeito pelos Direitos Humanos, o atraso económico e tecnológico, etc. – criou um vazio que foi preenchido pela ideologia neoliberal.

Felizmente que o neoliberalismo, como ideologia global, está a entrar, também ele, em decadência, em especial na América do Norte, como o descrédito da Administração Bush comprova, em todos os domínios”.

Cordiais Saudações

CPAS



e-mail, na integra


A propósito do Teatro do Rio, e não só...
De: Adelino Lopes (adloppf@gmail.com)

Caros Senhores:

Em primeiro lugar, e em nome do Teatro do Rio, o meu agradecimento sincero pela forma elogiosa com o o v/ jornal se refere à n/ última produção ("Crónica Atribulada do Esperançoso Fagundes", que será reposta no dia 27 de Março, Dia Mundial do Teatro).

Um grande senão, porém, na minha perspectiva (tenham lá santa paciência...): confesso-vos que, dado o seu conteúdo global, começam por prestar um mau serviço ao concelho, apesar da inegável qualidade do humor patenteado.

A saber:

O sendor MacCharty, que desencadeou, nos anos 50 a "caça às bruxas" nos EUA, por ver comunistas em cada esquina ou debaixo de cada pedra da calçada, em nada desdenharia os v/ serviços. Enormes figuras da ciência, das artes em geral, e do teatro e do cinema em particular, foram perseguidas, presas, chantageadas. Estamos a falar "apenas de nomes como Einstein, Chaplin, Brecht, Arthur Miller, Robert Taylor, Humphrey Bogart, entre outros.

Em pequeníssima dimensão, vocês acabam por reduzir-se à condição de macChartyzinhos, bebendo na paranóia anti-comunista mais primária.

Confundem (deliberadamente ou não) a gestão autárquica do PCP/CDU com "comunismo" (coisas completamente diferentes), de forma tão primária como aquela com que o Estado Novo se apropriou do "milagre de Fátima" para salvar Portugal (...)

Por outro lado - o que acaba também por borrar uma pintura que poderia manter a qualidade -, de uma ponta à outra, o jornal "cheira" a um verdadeiro panegírico do Presidente Paredes, a que só faltaria acrescentar o epíteto de "Grande Educador e Pai dos Povos do Concelho".

Quanto a identificar-se "progresso e desenvolvimento" com o provavelmente desbragado investimento turístico que aí vem... bom, veremos.

Não peço desculpa pela sinceridade, mas envio-vos as mais sinceras e cordiais saudações.

Adelino Lopes

POR UMA ESCOLA DE EXCELÊNCIA


ENTREVISTA ERIC NADELSTORN

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