17/05/10

Fátima 2010

ROCK IN FÁTIMA
Escrito por Pedro Laranjeira

Rock in Vatican

FÁTIMA 2010

... o Calvário Dourado de Bento XVI


Patrocinador Principal: povo português


Não sendo religioso, sempre achei que as religiões eram valiosas, por incentivar à prática do bem, em detrimento do exercício do mal.


Com mais ou menos tolerância, apontam-nos como irmãos, aconselham o perdão, definem e condenam o pecado.


O que é bom.


São uma linha de orientação que conduz os seus fiéis a um caminho que, às vezes, a sociedade falha em tornar desejável. Onde, às vezes, falha a família, a escola, a própria lei…


Mas… (se eu fosse religioso era aqui que diria mesmo “pelo amor da Santa!”) não exagerem, sejam sensatos, sejam humildes e comedidos. Não percam o sentido das proporções!


Eu sei que vivemos num mundo americanizado.


Assisti à transformação do desporto num grande circo mediático, testemunhei a passagem de Woodstock aos mega-concertos dos dias de hoje, percebi o uso da espectacularidade como psicologia de massas…


… mas há limites!...


A visita de Bento XVI a Portugal, que até tem tido momentos lindos, que até revelou um sumo-pontífice mais simpático que se julgava, está a ser um exagero que raia as fronteiras do condenável.


Não contesto a protecção de segurança que o país lhe deve, quer como líder religioso quer como chefe de estado, mas pergunto a mim próprio quanto é correcto e quanto é exagero.


Nunca uma operação desta envergadura foi montada em Portugal, nem mesmo para o Presidente dos Estados Unidos e, esse sim, tem mais inimigos perigosos que o Papa.


Parece estar a perder-se o espírito cristão em que a Fé se baseia.


Toda a visita tem o formato de um mega-concerto em que a estrela principal é um dos mais importantes homens do mundo e se explora como tal, com seu pleno consentimento. Nada ficou esquecido, nem o merchandizing… até os Correios vendem bandeiras de Bento XVI.


Para quem conhece a doutrina da Igreja, o homem que começou tudo isto era pobre e humilde. Agora entra-nos em casa a transmissão da eucaristia com um grande plano da mão direita do seu representante na terra a ostentar um pesado anel de ouro enquanto pega num cálice de igual calibre que simboliza o receptáculo do sangue de Cristo.


Se é verdade que vivemos numa época em que a maior parte dos nossos exemplos nos chega através de fantasia mediatizada, aprendamos ao menos a lição do Indiana Jones, onde, perante a necessidade de escolher entre dezenas de cálices qual teria sido o de Cristo na última ceia, é explicado que nunca poderia ser um dos cálices em ouro cravejados de pedras preciosas, mas sim o de madeira tosca, pobre e simples, “o cálice do filho de um carpinteiro”.


Perante a dimensão do exagero e quando se fala nos 75 milhões de euros, é constrangedor ter que ouvir comentar, como eu ouvi, que “o calvário percorrido pelo homem que Bento XVI representa na terra deve ter custado menos dinheiro… e, pelo contrário, custou a vida ao seu caminhante”…


As próprias vestes com que a Igreja nos mostra os seus pilares não são as do pescador que a fundou.


Mas é assim que nos chega. Grandes portugueses, como é o caso do padre António Rego e da jornalista Fátima Campos Ferreira são postos ao serviço do grande espectáculo, para que seja perfeito – e é!


O país pára, como vai acontecer durante o Mundial da África do Sul.


Mas não é a Fé que ganha, é o Espectáculo.


Não era preciso. Ghandi foi prova disso!


Os pastorinhos também, incluindo a irmã Lúcia, até à hora da sua morte.


Como alguém disse na televisão, “ser pobre por imposição é quando não se tem remédio, mas a Igreja deveria ser pobre por opção e ajudar os desfavorecidos a libertar-se da sua pobreza”.


A doutrina parece ser para quem é mandado cumpri-la, não para quem a faz - e deixou há muitos séculos de ser a que Bíblia ensina.


O próprio desempenho dos personagens é questionável. Portugal recebeu Bento XVI como líder religioso, mas recebeu-o também como Chefe de Estado e como tal lhe prestou honras.


Como pode então compreender-se que, publicamente, se tenha vindo manifestar contra o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo?


Independentemente de quem tem razão!


A própria Ministra da Saúde, generosamente, comentou que “já se sabia, não é novidade nenhuma”, mas… o Chefe de Estado do Vaticano fê-lo num país que recentemente legislou sobre essas matérias. Isto, se não é uma indelicadeza em casa de quem o recebe com honras e carinho, aproxima-se perigosamente dos limites da ingerência nos assuntos internos de um Estado Soberano.


Estão as águas todas misturadas!


Mas voltando à dura realidade que regressará às nossas vidas quando Bento XVI for embora: nestes dias de sofrimento e dificuldades, em que vamos sendo entretidos com espectáculos mediáticos que vivem da exploração da Fé de quem a tem, quem sabe a doutrina e segue muito religiosamente os seus princípios … é o Governo.


Permitimos que nos esbofeteasse, estamos agora a dar-lhe a outra face!

Sócrates disse a verdade ao Parlamento


Primeiro ministro - questionário e respostas

Sócrates mantém que disse a verdade ao Parlamento

O primeiro-ministro reafirma que disse a verdade ao Parlamento quando afirmou não ter sido informado da tentativa de compra da TVI e observou que a comissão de inquérito recolheu "prova abundante" de que nunca mentiu.

"Como é patente, ao fim de semanas de inquirições esta comissão não recolheu um único testemunho conhecedor dos factos, um único documento preparatório do negócio ou qualquer outro elemento de prova que contraditasse aquilo que já afirmei ao Parlamento - pela razão simples de não ser possível provar o que não aconteceu", afirmou o primeiro ministro, na declaração inicial que antecede as respostas às 74 perguntas dos deputados.

No documento José Sócrates afirma que mantém, "por ser verdade", tudo o que disse no plenário da Assembleia da República no dia 24 de Junho de 2009.

José Sócrates recordou as suas palavras nesse dia: "O Governo não dá orientações, nem recebeu qualquer tipo de informação, sobre negócios que têm em conta as perspectivas estratégicas da TVI".

"Para além dos sentimentos, das convicções e das opiniões de uns quantos adversários confessos do Governo, sem nenhum conhecimento dos factos concretos do processo negocial - o que esta comissão recolheu foi prova, e prova abundante, de ser inteiramente verdade o que afirmei no Parlamento", considerou.

José Sócrates assinalou que "todos os intervenientes relevantes no processo negocial entre a PT e o grupo Prisa vieram confirmar" na comissão "sob juramento" que não tinham prestado ao Governo qualquer informação relativa ao negócio.

Confirmaram também, referiu o primeiro-ministro, que "não tinham recebido do Governo qualquer orientação" e que "a autoria da ideia do negócio nasceu no interior da PT".

O primeiro-ministro criticou os que "no interior da comissão" de inquérito "manifestaram ideias pré-concebidas", "antecipando conclusões antes de qualquer apuramento dos factos".

"Tão ostensivo é o propósito cego de alguns no sentido de instrumentalizarem este mecanismo parlamentar para atingirem pessoal e politicamente o primeiro-ministro e o Governo", considerou.

Objectivo da comissão de inquérito

A comissão de inquérito à actuação do Governo na tentativa de compra da TVI visa apurar "se o Governo, directa ou indirectamente, interveio na operação conducente à compra da TVI e, se o fez, de que modo e com que objectivos".

A alínea b do documento fixa ainda que o inquérito pretende "apurar se o senhor primeiro-ministro disse a verdade ao Parlamento, na sessão plenária de 24 de Junho de 2009", quando disse não ter sido informado da operação.