08/08/09

OS CORNITOS DO DR. PINHO




O feroz e os mansos

Por Vitor Cunha

Afinal os “ferozes” pedem desculpas e são intransigentes na defesa da dignidade das pessoas e das instituições. Os outros, ou seja, os “mansos” permitem todas as ofensas e, objectiva­mente, dão-lhe o seu apoio e cobertura

O recente episódio protagonizado por Manuel Pinho na Assembleia da República provocou nos meios de comunicação social a inevitável orgia de comentários, críticas, mesas-redondas, colóquios – tudo, como é costume, até à náusea, condimentado pela demagogia reinante.

Num tempo em que os sábios aparecem como míscaros em ano propício, nós os simples mortais ficamos estarrecidos com o siciliano silêncio das mentes brilhantes que enxameiam as tribunas com tantos fariseus com vestes de profetas.

Pensava eu que a reacção de José Sócrates, pedindo desculpas em nome do Governo e substituindo Manuel Pinho (um excelente ministro, na minha opinião) no ministério, suscitasse o mais vivo aplauso. Aqui estava uma decisão de enorme sentido de Estado, exemplar para a tão badalada e controvertida “qualidade da nossa democracia”.

Pois, o que tem vindo a acontecer em situações semelhantes?

Há uns anos, Mário Soares foi agredido na Marinha Grande por militantes do PCP. Não me recordo de ouvir dos dirigentes deste partido um pedido de desculpas, uma condenação, uma simples atitude de reprovação. Tudo normal, tudo democrático!

Há poucos meses na mesma Assembleia da República, um deputado do PSD, em tom bem audível e com gestos ameaçadores, desafiava um deputado do PS para resolverem um diferendo de opinião “lá fora”, ou seja, como preconizava Eça de Queiroz “à bengalada”. Não me recordo de ouvir da presidente do PSD um pedido de desculpas, uma condenação, uma simples atitude de reprovação. Tudo normal, tudo democrático!

Há dezenas de anos que Alberto João Jardim, mais ou menos histriónico, mas sempre vociferante, insulta soezmente, os titulares de órgãos de soberania. Não me recordo de ouvir a nenhum Presidente do PSD um pedido de desculpas, uma condenação, uma simples atitude de reprovação. Tudo normal, tudo democrático! O homem tem aquele feitio e já foi declarada a sua impunidade!

Há bem pouco tempo, Vital Moreira, candidato a deputado europeu, foi insultado, quase agredido fisicamente numa manifestação organizada pela CGTP. Não me recordo de ouvir dos seus principais dirigentes ou do PCP um imediato pedido de desculpas, uma condenação, uma simples atitude de reprovação. Tudo normal, tudo democrático! Entre subterfúgios e evasivas ficou Vital Moreira avisado que não se deve meter onde não é chamado! É que “estava mesmo a pedi-las…!”.

A título exemplificativo aqui temos, no seu melhor, a defesa intransigente da “qualidade da nossa democracia”, o respeito pelas Instituições, a tolerância, etc. etc.

Pensava eu que na linguagem metafórica cultivada ultimamente até à exaustão, com especial destaque pelo jovem agricultor Paulo Portas, na sua versátil retórica de feirante, isto sim, indiciava comportamentos e atitudes de “animal feroz”. Porém, não ouço dos sábios, muitos dos quais o Mestre Aquilino Ribeiro compararia às bezerrinhas que em todas as vacas mamam, nem aos oráculos cujos anúncios tresandam a naftalina, uma só palavrinha…

E fico a pensar cá para mim neste absurdo linguístico: afinal os “ferozes” pedem desculpas e são intransigentes na defesa da dignidade das pessoas e das instituições. Os outros, ou seja, os “mansos” permitem todas as ofensas e, objectivamente, dão-lhe o seu apoio e cobertura.

Parafraseando Torga que não foi sábio, mas poeta, “que pestilência, quando o futuro esventrar o cadáver deste tempo português”. Com a devida vénia, acrescento eu: o cadáver dos “mansos”.

Vitor Ramalho acredita que PS vai ser o partido mais votado no distrito e no país

O presidente da distrital do PS, acredita que o PS não conseguirá a maioria absoluta nas próximas Legislativas, mas que vai ser “o mais votado a nível nacional e no distrito, inequivocamente”.
Regeita as críticas da CDU, sobre a escolha de Vieira da Silva, actual Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, para encabeçar a lista do PS às Legislativas dizendo que a CDU é “responsável pelo não fomento do emprego ao nível distrital, onde lidera dez das treze autarquias”.