07/06/10

1º Casamento Gay foi no Feminino

Primeiro casamento gay em Portugal foi hoje




Helena Paixão e Teresa Pires: primeiro casal gay a casar-se, em Portugal
O primeiro casamento civil oficial entre gays foi realizado nesta segunda-feira em Lisboa. Duas mulheres que viviam juntas desde 2003, oficializaram a união numa cerimônia de 15 minutos, realizada num cartório da capital, entre muitos fotografos e as imagens da cerimónia darão volta a parte do mundo.

CRIME ATÉ 1982

Até 1982, o homossexualismo era considerado crime no Código Penal português.


o sexto país da Europa


Portugal passa a ser o sexto país da Europa a legalizar o casamento gay.

Helena Paixão, tem 40 anos, e Teresa Pires, 33.
Ambas divorciadas e mães, cada uma, de uma filha, viviam juntas há oito anos. Em 2006 haviam apresentado um pedido de oficialização de seu caso, num país de forte tradição católica.
A permissão de casamento havia sido rejeitada pelo registro civil mas, ao final de um longo périplo judicial, foi validada pela Corte Constitucional.
Em consequência, o poder legislativo aprovou, em Fevereiro, uma lei que suprime da definição de matrimônio, do código civil, a menção "sexos diferentes", autorizando de fato as uniões homossexuais.


HomosseXuais no Estado Novo ???...

Jorge Castro

- a propósito da temática do livro "HomosseXuais no Estado Novo", da autoria da jornalista São José Almeida -


Ora aí está um tema sexossocial estimulante. O que terá passado um homossexual no Estado Novo que um homossexual no estado em que estamos não passe ainda?

Confesso que ainda não li o livro mas que pretendo fazê-lo, quando tiver oportunidade, que mais não seja por curiosidade e ilustração. Mas não é do livro que falarei agora, pelo que peço, desde já, desculpas à autora pela fonte de inspiração.

Primeira observação assustadora: Então que me dizem do casamento de homossexuais? Também aqui me perturba algum desnorte, a saber:

- No Estado Novo, qualquer elemento dito progressista que se prezasse - notem que já nem digo antifascista... fiquemo-nos, então, pelo meramente progressista - considerava o casamento (pelo civil, entenda-se) como uma instituição a combater e, porventura, a abater, pelo que continha de retrógrado, reaccionário e castrador de uma sã relação entre dois seres viventes e pensantes.

Já quanto à opção do casamento pela igreja nada a dizer. Trata-se de uma opção pessoal, que assentará em princípios de livre arbítrio e que compete a cada um gerir, ainda que o casamento seja uma unidade de dois – e este aspecto não é despiciendo, bem como a pressão social que lhe estava subjacente. Mas isso são outros quinhentos…

Porque, à data, a coisa funcionava assim: um jovem casal que juntasse os trapinhos daria à luz, necessariamente, um filho bastardo se não fosse, a correr, tratar do casório, com o receio das consequências que desse estatuto advinham principalmente para o cidadão recém-nascido e, caso o casal o fizesse apenas pelo civil, ainda assim haveria muitas mentes puritanas que achavam mal, insuficiente e, supostamente, imoral.

Não deixa de ser curioso que aos próprios filhos fosse recusado o baptismo se os pais não fossem casados pela igreja. Aqui, nem o casamento civil era bastante! E a misericórdia relativamente aos «anjinhos» só existia da boca para fora, como é bom de ver. Aliás, esta prática era extensiva aos casais que se divorciassem – os filhos pagariam, assim, à luz da Santa Madre Igreja, pelos «pecados» dos pais ou pelo mero facto de estes, à luz de princípios fundamentalistas, viverem «em pecado».

Pensar que uma excomunhão – lançada sobre especiais prevaricadores, fornicadores e outras abencerragens sociais – podia ser extensiva a três, quatro ou cinco gerações é um bom exemplo da pouca distância que medeia entre a Igreja Católica do século passado e a Igreja Católica da Inquisição.

Retomando a temática do casamento: agora, trinta e seis anos volvidos, e querem convencer-me de que o casamento pelo civil para homossexuais é uma «conquista civilizacional»... Estamos a andar, de facto, muito para trás quando nos deixamos enredar pelas produções nefastas destas mentes apologéticas mas distorcidas, arvoradas em gurus sociais.

Se me quiserem convencer de que qualquer ser vivente tem os mesmos direitos que o seu semelhante (até para contrair um empréstimo bancário) e que essa é uma luta por uma causa que se justifica, aí eu alinho, já e agora e aqui e nem me ocorre qualquer condição prévia.

Se me quiserem recrutar para defender pesadas penas sobre quem recorra a práticas sociais discricionárias – ao nível de emprego, de acessos sociais, etc. - sobre indivíduos de qualquer opção de religião ou sexual diferente da minha, contem com a minha participação activa.

Mas igualdade na contracção de matrimónio? Para quê, senhores, tanto ansiar pela igualdade numa instituição caduca, sem préstimo e, quiçá, em vias de extinção? Má aposta!

É a igualdade do engano que nos engana... a todos! E é com profundo constrangimento que escuto descabeladas baboseiras proferidas por uns quantos arautos dos quais era suposto esperar outro discernimento.

No fundo, concluiu-se mais uma jogada de faz-de-conta deste tempo do centrão em que nos atolámos: muito espalhafato em torno de uma situação menor – que devia decorrer, lógica e serenamente, de outros preceitos sociais vigentes – que esconde, perturba e deixa todas as questões de fundo sobre esta matéria – a discriminação homofóbica - exactamente na mesma.

Além disso, em boa verdade e já que se fala nisto, não me lembro de ter lido na Declaração Universal dos Direitos do Homem o direito ao casamento pelo civil... para quem quer que seja. Vocês leram...?