08/10/09

COMENTÁRIO ÀS 4 ENTREVISTAS DOS CANDIDATOS Á CAÂMARA DE ALCÁCER

Já comentámos as entrevistas ao Setúbal na Rede, de Pedro Paredes, candidato pelo PS (dia 2) e de António Balona candidato pela CDU (dia 6). Publicamos hoje o comentário à entrevista de Joaquim Granito, candidato do PSD e publicaremos amanhã, o comentário à entrevista de Ana Penas, candidata pelo BE.


JOAQUIM GRANITO

O candidato tem boa comunicação, não apresenta nervosismo, reflecte equilíbrio, bom senso. Tem conhecimentos das condições do concelho e sua população e de modo singelo, aponta as potencialidades do concelho, como também seus problemas históricos e possibilidades económicas, ao estilo de inventário.
Há coerência no discurso, não se perdendo dentro do assunto e nem fugindo ao tema.
É saudosista do Alcácer de antigamente, registamos a frase de cunho pessoal, quase poética: "sou do tempo em que se viam os golfinhos que vinham a Alcácer"
Fala de maneira apaixonada de aspectos da beleza do concelho.
Não tem posicionamento político quanto ao surto de desenvolvimento turístico que está a arrancar no concelho.
Não fala da necessidade de revisão do Plano Director Municipal, nem tem proposta para modernização dos Serviços Camarários.
Não apresenta programa para o mandato camarário. Aliás, o PSD já não teve programa no mandato que agora termina, pois os dois deputados que teve na Assembleia Municipal, não fizeram durante os quatro anos, qualquer intervenção, votando sempre com o PS.
Mais do que uma entrevista política e de campanha eleitoral destinada a cativar votos, foi uma conversa amena sobre os temas comuns e do dizer quotidiano e descomprometido dos alcacerenses,
Entende que Pedro Paredes foi a "escolha correcta" para cabeça de lista do PS o que mostra uma simplória seriedade política e disse também, ter entrado na política, só depois de se ter reformado.
Foi uma entrevista pouco acordada a contradizer o seu slogan de campanha "VAMOS ACORDAR ALCÁCER" que indica que os alcacerenses estão a dormir e que Granito e o PSD os vão acordar.







COMENTÁRIO ÀS 4 ENTREVISTAS DOS CANDIDATOS À CÂMARA DE ALCÁCER

Comentámos as entrevistas ao Setúbal na Rede, de Pedro Paredes (PS) dia 2, de António Balona (CDU)dia 6, de Joaquim Granito (PSD) dia 8, e comentamos agora, Ana Penas (BE), terminando os comentários dessas entrevistas, aos cabeças de lista dos partidos, concorrentes à Câmara de Alcácer.


Ana Penas

Demonstra inteligência, boa comunicação. Mostra-se um pouco nervosa - talvez pouco habituada a entrevista - o que pode ser a causa de um certo convencimento, pouco sustentado, do que afirma, que aqui e ali revela.
Não se mostra empática, coisa que um político mais procura expressar.
Analisa os temas com pouco aprofundamento técnico e político e a ponderação e humildade que se aconselha a um político.
Mostrou dificuldade em pensar e apreciar a sociedade no seu todo, demonstrando uma fixação ideológica contra o lucro e o capital.
Gastou mais de 20% do tempo nas críticas à acção do "Sr. Paredes", relativamente à divisão com Massano, personalizando muito esse incidente. Afirmou que a escolha de Paredes foi anti-democrática, porque os partidos têm de ter regras e neste caso, as regras não foram cumpridas.
Ora, a escolha de Paredes não podia ser mais democrática e legal. (leia-se, a propósito, o nosso artigo "Escolha de Paredes foi democrática e legal", publicado em 09.08.20. Só se pode compreender esse posicionamento de Ana Penas por razões eleitoralistas. Aliás, a candidata não o esconde "espero que fragilize a candidatura do PS, de Paredes..e é uma oportunidade de o Bloco eleger um vereador porque há muita gente descontente com a atitude de Paredes, que pode reverter a nosso favor.."
Com o mesmo próprosico fala várias vezes em João Massano e José Clemente, procurando de algum modo colar-se a eles ou colá-los (a eles) ao BE, colocando-se como sua advogada de defesa e apresentando-os como vítimas às mãos de Paredes, misturando partido com Câmara. A retirada de poderes ao vereador Massano cabe nas atribuições do Presidente e pode-se discutir se foram ou não, justas e devidas. A escolha do cabeça de lista dentro do parido foi um processo muito disputado mas que cumpriu os estatutos do partido e observou todas as regras democráticas e legais.

Ana Penas apresenta como prioridades do BE a criação de emprego que diz que pode ser conseguido com a atracão de empresas e que para isso se torna necessário rever o processo relacionado com as zonas industriais, para permitir a existência de maior número de terrenos disponíveis e não permitir que firmas ocupem terrenos e não abram as empresas.
Por outro lado, não gosta dos grandes investimentos turísticos, que estão em curso e que vão criar muitos milhares de postos de trabalho e arrastar o crescimentos de pequenas empresas, porque considera ser um turismo elitista que vem fazer subir o custo de vida em Alcácer (não tendo em conta que subindo o custo de vida cresce a riqueza em Alcácer). Ao mesmo tempo considera que esses investimentos retêm os turistas no interior dos próprios estabelecimentos hoteleiros, repercutindo-se pouco, o efeito "consumo do turista", no concelho. Dá muito realce aos aspectos negativos de um tal surto desenvolvimento turístico.
Fala do aproveitamento para o turismo, das barragens e do rio Sado, que já deveria ter sido despoluído, o que beneficiará outros segmentos da população com menos poder de compra e adianta que a autarquia pode procurar parceiros para investirem nesse sector, preveligiando as iniciativas das associações locais e de pequenas empresas.
Revela-se assim, Ana Penas, um importante elemento para contribuir na discussão que importa fazer sem demora, sobre o modelo de desenvolvimento turístico que mais importa a Alcácer.
Entende que a autarquia pode fomentar uma política de habitação para jovens casais alcacerenses, de outras regiões ou estrangeiros.
Entende também, que a autarquia pode fomentar a agricultura biológica incentivando os pequenos e médios agricultores.
Manifestou-se contra a construção na margem sul do "Clube Náutico" pelo impacto paisagistico e deu a entender que vai tomar iniciativas contra aquela obra.
Falta-lhe um plano consistente e global para o desenvolvimento do concelho.
Não apresentou nenhuma medida para a modernização do funcionamento da Câmara, da "nova governação"
Trata-se, sem dúvida, de uma candidata inteligente, erudita, entusiasta, cheia de revolta pelo imobilismo que sente e pela sociedade de mercado com que não joga completamente, desejosa de exercer poder político o que, uma vez com responsabilidades governativas, ganharia mais técnica política e profissionalismo político, moderaria o actual espírito contestário, e veria a sociedade mais no seu todo, aprimorando a sabedoria de gerir interesses contraditórios.