31/05/11

O POVO FALA CALADO?

Por Vitor Ramalho

A direita tem focalizado os temas da campanha eleitoral em exclusivo no poder.
Para o CDS o que conta são as miragens de vir a ter mais votos que a CDU e o BE juntos e o seu líder ser Primeiro-Ministro.
Não faz a coisa por menos.
Para o PSD cada cabeça sua sentença. A do líder não se pronuncia sobre as múltiplas picardias do CDS. As outras não param de o desancar. É um pouco como a hidra de sete cabeças.
No meio disto o povo, confundido pela direita, continua a falar calado como as sondagens provam. Sem saber de facto o que querem o PSD e o CDS.
Portugal está ausente destes discursos. E porque os partidos à esquerda do PS se auto-excluíram de serem alternativa no dia 5 de Junho, a direita pode acordar com uma grande surpresa. A surpresa dos eleitores quererem Portugal como prioridade e não o poder. Decidindo que a governação do PS continue, agora com alargamento da base de apoio e sem exclusões.
Vitor Ramalho

23/05/11

Bem-vindo AO PAÍS QUE NÃO CONHECE

Eu conheço um país que em 30 anos passou de uma das piores taxas de mortalidade infantil (80 por mil) para a quarta mais baixa taxa a nível mundial (3 por mil).


Que em oito anos construiu o segundo mais importante registo europeu de dadores de medula óssea, indispensável no combate às doenças leucémicas.


Que é líder mundial no transplante de fígado e está em segundo lugar no transplante de rins.


Que é líder mundial na aplicação de implantes imediatos e próteses dentárias fixas para desdentados totais.


Eu conheço um país que tem uma empresa que desenvolveu um software para eliminação do papel enquanto suporte do registo clínico nos hospitais (Alert), outra que é uma das maiores empresas ibéricas na informatização de farmácias (Glint) e outra que inventou o primeiro antiepilético de raiz portuguesa (Bial).


Eu conheço um país que é líder mundial no sector da energia renovável e o quarto maior produtor de energia eólica do mundo, que também está a constuir o maior plano de barragens (dez) a nível europeu (EDP).


Eu conheço um país que inventou e desenvolveu o primeiro sistema mundial de pagamentos pré-pagos para telemóveis (PT), que é líder mundial em software de identificação (NDrive), que tem uma empresa que corrige e detecta as falhas do sistema informático da Nasa (Critical)e que tem a melhor incubadora de empresas do mundo (Instituto Pedro Nunes da Universidade de Coimbra).


Eu conheço um país que calça cem milhões de pessoas em todo o mundo e que produz o segundo calçado mais caro a nível planetário, logo a seguir ao italiano.


E que fabrica lençóis inovadores, com diferentes odores e propriedades anti-germes, onde dormem, por exemplo, 30 milhões de americanos.


Eu conheço um país que é o «state of art» nos moldes de plástico e líder mundial de tecnologia de transformadores de energia (Efacec) e que revolucionou o conceito do papel higiénico (Renova).


Eu conheço um país que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial e que desenvolveu um sistema inovador de pagar nas portagens das auto-estradas (Via Verde).


Eu conheço um país que revolucionou o sector da distribuição, que ganha prémios pela construção de centros comerciais noutros países (Sonae Sierra) e que lidera destacadíssimo o sector do «hard-discount» na Polónia (Jerónimo Martins).


Eu conheço um país que fabrica os fatos de banho que pulverizaram recordes nos Jogos Olímpicos de Pequim, que vestiu dez das selecções hípicas que estiveram nesses Jogos, que é o maior produtor mundial de caiaques para desporto, que tem uma das melhores selecções de futebol do mundo, o melhor treinador do planeta (José Mourinho) e um dos melhores jogadores (Cristiano Ronaldo).


Eu conheço um país que tem um Prémio Nobel da Literatura (José Saramago), uma das mais notáveis intérpretes de Mozart (Maria João Pires) e vários pintores e escultores reconhecidos internacionalmente (Paula Rego, Júlio Pomar, Maria Helena Vieira da Silva, João Cutileiro).


Este país é Portugal, pós 25 de Abril.


Tem tudo o que está escrito acima, tem ainda muito mais ...um povo maravilhoso...

...mais um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante, praias fabulosas, óptima gastronomia.





Bem-vindo a este país que não conhece: PORTUGAL

O QUE O PAÍS ESPERA DOS SOCIALISTAS

Os efeitos políticos, económicos e sociais decorrentes da crise que se vive à escala europeia e com óbvios reflexos em Portugal são muito profundos.

A U.E., fragilizada pela ausência de uma política mobilizadora e recriadora da esperança no futuro, ancora-se em propostas e soluções economicistas, possibilitando a abertura de brechas na sua própria arquitectura que a podem colocar em causa e com ela ao euro.

O facto de países como a Dinamarca colocarem em causa o espaço Schengen, depois da França e a Itália terem esgrimido razões por causa dele, a propósito de cidadãos originários de países árabes que se acolheram na Ilha de Lampdusa, não são casos isolados para sustentarmos o que afirmamos. Quando um jornal prestigiado como o Der Spiegel faz eco da eventual saída da Grécia do euro ou a Finlândia coloca entraves à ajuda a Portugal, para não invocar as reticências do Reino Unido, não estamos a falar da U. E. que esteve na génese dos seus criadores e de homens da dimensão de Kohl, Adenaner, Olaf Palme, Mitterand, Soares, Gonzalez, Willy Brandt, Kreisky entre outros.

Poderíamos multiplicar os casos que suportam as preocupações com que olhamos hoje a ausência de rumo da U. E..

Esta é uma questão política prioritária na actual crise Seria gravíssimo o desaparecimento do euro como seria uma tragédia a desagregação da U.E..

É por essa razão que os partidos que, como o PS, sempre lutaram para que Portugal – e bem – aderisse à actual U.E. devem colocar como questão central o aprofundamento dela, contribuindo para influenciar o seu sentido da marcha numa lógica federalista que contrarie as tendências que vão em sentido contrário, hoje suportadas pela maioria dos governos conservadores.

Ela é uma questão prioritária porque é decisiva para o nosso próprio futuro e dos povos europeus em geral. É por isso que tarde ou cedo vai colocar-se com maior clareza e de forma crescente pelos cidadãos a rejeição ao actual estado de coisas da U.E., se não se arrepiar caminho.

Isso não prejudica que não tenhamos plena consciência dos efeitos da crise no plano interno com sérias repercussões no agravamento do desemprego, que se acentuarão nos próximos anos, dos cortes em muitos benefícios e direitos, incluindo sociais, e o mais que sabe, decorrente do acordo que o país firmou com instâncias internacionais. Que não haja ilusões!

Negar esta evidência seria negar o obvio e faltar à verdade o que nenhum militante responsável deve fazer.
Não interessando agora chorar sobre o leite derramado ou imputar culpas, o certo é que para o pedido de auxílio a um empréstimo externo por parte de Portugal não havia alternativa.
E por não haver temos agora de olhar o futuro. O passado é passado. E olhando para o futuro, o PS aparece de novo no centro da sua construção. Temos todos, individual e colectivamente uma grande responsabilidade.

A esquerda à esquerda do PS recusou, como é sabido, sentar-se sequer com a Troika que veio a Portugal negociar o empréstimo, apesar dele decorrer de um pedido dirigido à U.E., de que fazemos parte e que tem a ver com o nosso futuro. Ainda que fosse tão somente para dizerem que não concordavam com o recurso a esse auxilio. Só que não apresentam soluções.

Ao colocarem-se de fora os partidos com assento parlamentar à esquerda do PS auto excluíram-se por natureza como alternativa de poder. Por outro lado os partidos à direita do PS são de facto representantes das políticas que à escala global estiveram na origem da crise mundial, em resultado do endeusamento dos mercados e da desregulação destes.

Hoje é pacífico o entendimento sobre as causas profundas da crise que têm a ver com políticas de direita.

Sendo esta a realidade o momento impõe que os militantes socialistas se mobilizem fortemente para o combate eleitoral do dia 5 de Junho. O futuro passa pelo ideário do socialismo democrático!

Temos plena consciência ao apelarmos para essa mobilização que nem tudo foram rosas na nossa governação e que também nem tudo são rosas no nosso partido. Estamos, como é sabido à vontade para o afirmarmos. Não o invocamos na undécima hora. Só que em política temos a cada momento de saber distinguir o essencial do acessório. A vitória do PS no dia 5 de Junho é essencial porque é importante para Portugal e para os portugueses. Só ela possibilitará, face às declarações dos demais líderes partidários reforçar os entendimentos que forem adequados à grave situação que o país enfrentará depois de 5 de Junho, influenciando novas respostas aos novos e muito graves desafios que o país tem pela frente. Desafios esses que têm a ver com um novo paradigma de vida, como há muito vimos também dizendo para o que todos os cidadãos vão ser mobilizados. Por isso mesmo os socialistas terão de saber dar o exemplo no plano cívico e militante com humildade, rigor, transparência, solidariedade e coragem, para a reconstrução da esperança.

É isso que o país espera do PS!

Setúbal, Maio, 2011

O Presidente da Federação,

Vítor Ramalho