26/07/09

NOVAS FRONTEIRAS

Novas Fronteiras sobre economia

Pacto entre Estado e PME para a internacionalização da nossa economia

Um pacto com as pequenas e médias empresas para a internacionalização da nossa economia foi defendido pelo secretário-geral do PS, José Sócrates, no encerramento, no dia 4, do fórum Novas Fronteiras, na FIL, no Parque das Nações, onde anunciou que as qualificações, energia, alta velocidade e banda larga, a internacionalização da economia e as políticas sociais são as prioridades do programa de Governo que o PS apresentará nas legislativas.


Neste fórum dedicado à economia, José Sócrates reiterou que a “ambição” da “abertura” protagonizada pelo PS a todos os que queiram colaborar num programa de modernização do país “é uma questão política essencial”.

E sustentou que nunca como hoje “Portugal precisou tanto de um programa “assente nos valores da esquerda democrática e do centro esquerda”, como o “rigor e competência” para servir “o interesse geral”, mas também “a ambição da mudança e da modernidade”, já que, frisou, “a esquerda nunca teve medo do futuro”.

Mas também, acrescentou, o valor da “igualdade de oportunidades e igualdade social”, de forma a construir “um país mais competitivo e com mais justiça social”.

O secretário-geral do PS defendeu que é preciso responder à actual crise “com acção e iniciativa do Estado”, mas “com os olhos postos no futuro”, o que passa, na sua opinião, “por estruturar uma visão política, ter uma estratégia, ou seja, escolher as áreas prioritárias para o sucesso do país”.

E adiantou que “a nossa estratégia, as nossas orientações e palavras-chave que estão no nosso espírito são: qualificações, energia, alta velocidade e banda larga, a internacionalização da economia e as políticas sociais”.

As qualificações, disse, são a primeira prioridade, porque “é preciso continuar a aposta na educação, na ciência, no conhecimento”, já que, frisou, “nenhum país teve sucesso sem apostar nas qualificações do seu povo”.

Nesta área, Sócrates destacou o êxito do programa Novas Oportunidades, que conta com 800 mil portugueses inscritos, sublinhando que “mais qualificações contribuem também para a diminuição das desigualdades sociais”.

A energia, “onde se vai jogar o futuro dos países”, foi outra prioridade apontada pelo líder socialista, que defendeu o investimento no sector como “uma questão vital” para a redução do endividamento externo, mais oportunidades de emprego e mudança na nossa economia.

“A verdade é que o endividamento externo é um mal crónico, mas esse endividamento tem raízes estruturais e que cerca de 50% desse endividamento é devido à compra exterior do petróleo. Quanto mais reduzirmos essa factura, mais contribuiremos para que Portugal evolua nesse domínio”, disse.

O líder socialista salientou ainda que com a aposta do Governo nas energias renováveis “Portugal está no pelotão da frente neste domínio, onde já existe um ‘cluster’ industrial nas eólicas e nas hídricas”.

Por outro lado, José Sócrates apontou a internacionalização da nossa economia como outra prioridade do programa socialista, defendendo, para o efeito, “uma concertação estratégica entre o Estado e a iniciativa provada”, em particular nos sectores onde “somos mais competitivos” como turismo e madeiras e também nos sectores tradicionais como os têxteis e o calçado.

“O Estado tem um papel inestimável no sentido de promover a internacionalização das indústrias e empresas, em particular das pequenas e médias, já que as grandes não precisam muito do Estado para isso”, afirmou, acrescentando que a identificação de novos mercados como, por exemplo, Angola, Magrebe, Brasil, América Latina, é uma das tarefas em que o Estado pode ajudar, nomeadamente através da aposta na “diplomacia económica”.



Sucesso económico depende das exportações



E defendeu que “é com esse tecido de pequenas e médias empresas e com os empresários que gostam de correr riscos, que devemos fazer uma aliança e um pacto para a internacionalização da economia e para o aumento das nossas exportações”, acrescentando que “o sucesso económico depende das nossas exportações”.

José Sócrates referiu ainda a alta velocidade e a banda larga como apostas da agenda económica do Governo, de forma a “aproximar Portugal dos centros de decisão e combater o fenómeno de uma economia periférica como a nossa”.

É preciso “apostar em todas as redes que nos ligam ao mundo global”, defendeu, lembrando que “temos todo o país coberto com banda larga”.

E também investir “nas redes internacionais de transporte”, justificando a aposta na alta velocidade para “ficar mais ligados ao centro da Europa”.

“Nós precisamos mais disso que os outros porque estamos mais longe dos centros geográficos”, considerou.

“Isso exige visão estratégica, exige não ficar para trás e principalmente exige que não tenhamos a visão de alguns que nos antecederam quando afirmaram como Salazar um dia afirmou que Portugal e os portugueses deviam ser pobres e humildes como a terra que trabalham”, criticou Sócrates.

Quanto às políticas sociais, José Sócrates defendeu que o Estado deve proporcionar “igualdade de oportunidades para todos”, recusando uma “visão assistencialista” mas ter “o valor da igualdade que é condição para o sucesso económico”.

A nossa estratégia, concluiu, é ter “um programa de Governo, uma plataforma política que extravase o PS, uma mudança que satisfaça os interesses de todos, que não dispense o rigor e que promova um clima de solidariedade”.

Na abertura do fórum, António Vitorino, membro do Conselho Coordenador das Novas Fronteiras, salientou a importância deste debate sobre os grandes desafios económicos, afirmando que “há os que se alimentam da crise, enquanto nós temos consciência da necessidade de encontrar a curto prazo respostas ao crescimento do desemprego e da diminuição do crédito”, de forma a que Portugal saia da crise “com uma economia mais qualificada e produtiva para vencer no mundo global”.

António Vitorino referiu ainda que “enquanto outros se preocupam em esconder o seu passado governativo e rasgar tudo o que foi feito durante os últimos quatro anos, nós rasgamos os caminhos do futuro e abrimos as novas fronteiras do desenvolvimento e das oportunidades para todos”.

Esta sessão das Novas Fronteiras contou com a presença de alguns membros do Governo e destacadas personalidades nacionais e estrangeiras das áreas económica, financeira, empresarial e cultural, que participaram em seis painéis temáticos: “Alterações climáticas, desafio e oportunidade”, “Defender o emprego, criar oportunidades”, “Especializar e desenvolver Portugal”, “Internacionalização, desígnio nacional”, “Turismo – pivot de actividades complementares” e “PME – prioridade e políticas”.

Entre as dezenas de especialistas presentes na discussão dos painéis temáticos, destaque para José Pinto Ribeiro, ministro da Cultura, Bernardo Trindade, secretário de Estado do Turismo, Gunter Verheugen, vice-presidente da Comissão Europeia, António Gomes Mota, do ISCTE, Manuel Madeira Cabral, da Universidade do Minho, Maria João Rodrigues, conselheira especial para a Agenda de Lisboa, Dan Kammen, da UC Berkeley e IPCC e Carlos Zorrinho, coordenador do Plano Tecnológico.



J. C. CASTELO BRANCO