06/08/09

ESFORÇO ESTÓICO DE TERESA E DO CDS (3)


COLUNA SOCIAL



O interesse por Alcácer está a aumentar.
Também o CDS não quis deixar de apresentar candidatura à Câmara. Primeiro mandou enviados à PIMEL fazer contactos políticos, depois, namorou o PSD, assediou socialistas descontentes, convenceu Teresa Noronha que na tourada consultou Paredes. Presidente e Vice Presidente da Distrital correram, a Alcácer, montar estratégia.

No passado dia 25 - dia de todas as decisões - escrevemos, em um punhado de capítulos, uma caricatura do que foi esse esforço estóico do CDS e aqui publicamos hoje, o capitulo III. Para melhor compreensão, aconselhamos a leitura dos capítulo anteriores.


Capitulo III

Não sei se deva
Ou se interesse.
Sei que me maça.
Então porque vou?
Porque acho graça!

Se não há Paredes,
não podíamos pensar em Massano?
Ou Clemente?


Os olhos de Teresa abriram-se instantaneamente.
_Meu Deus! Meu Deus, que horas já serão?
Olhou, como um relâmpago, os relógios - três - que havia postado na mesinha de cabeceira, em posição frontal, para que não mais houvesse dúvidas. Marcavam nove horas e qualquer coisa mais.Olhou para o lado, o marido já tinha saído à vida. Saltou da cama, enfiou o roupão. Abriu todas as janelas do quarto, em seguida a porta, e chamou pela empregada:
_Prepara-me um chá e uma torrada.
Com duas passadas, alcançou o computador.
_Agora O SÁDÃO já deve ter a noticia no ar.
Pensou.
E, o super sumo da tecnologia da comunicação, respondeu-lhe afirmativamente. Lá estava a noticia no ar. O título era a azul e em letra garrafal! PEDRO PAREDES É O CABEÇA DE LISTA.
Por instantes, nem quis acreditar...leu ávida e releu. Voltou a ler, agora mais calmamente!
Levantou-se ligeira, correu ao quarto. Jogou o roupão no chão, abriu os gavetões, pegou na primeira roupa que lhe veio à mão, vestiu-se à pressa.
_Sra. Doutora, quer o pequeno almoço na sala ou prefere no quarto?
_Não, já não tenho tempo de tomar nada. Estou de saída urgente. Vou a casa do primeiro casal de Alcácer! Hoje é um dia muito especial, Maria! Nem podes imaginar o que vai acontecer!
Mas Teresa parou por um instante!
_Vou para onde?! Não estarei a sonhar?! A sonhar não. Agora estou bem acordada.
Mas, se esta noticia de O SÁDÃO. não é verdadeira?! Ah, obviamente que é verdadeira! Até diz que foi por unanimidade e quem vai formar as listas...E, para mais, O SÁDÃO é de confiança...vou sair sim.
Mas, de repente, decidiu voltar com a ideia atrás.
-Não, é melhor confirmar em outros órgãos de informação. Todos já devem ter a noticia.
Chamou então, um a um, os blogs de Alcácer, mas nada. Depois consultou toda a ´´midia´´ do distrito e a seguir os de âmbito nacional. Mas nenhum dava a notícia.
-Hum, será que O SADAO se adiantou demais e....não estará ainda decidido! Vou telefonar a alguém.
Não, é melhor não. Vou esperar. Não devo mostrar tanto interesse, tamanha ansiedade. Podem-me julgar mal, com pouca estabilidade emocional.
A manhã foi de constante consulta a todos os órgãos de comunicação, mas nenhum lhe trazia a nova tão desejada. De quando em vez, voltava a O SÁDÃO.
-Será que O SÁDÃO se enganou e já desmentiu a noticia?!
Mas não. Pelo contrário. O SÁDÃO já ostentava agora, mais uma declaração do Presidente da Federação de idêntico teor. Teresa ficava agora calma! Está bom de ver! É mais que certo! É o Pedro!.
E, então, passou a manha do quarto para a sala, da sala para o quarto. De cinco em cinco minutos consultava a net. Tudo igual. Nimguém noticiava nada, mas O SÁDÃO ostentava a decisão Pedro Paredes, até já noticiada, duplamente.
Para aliviar a tensão, Teresa desceu:

Aos pátios e à horta,
Aonde seus bichos vivem à solta.

E, na descida da escada cantarolava:

Gosto muito de animais.
A compaixão por eles
É bondade de carácter,
É atitude boa,
Isso é evidente!
E quem é cruel com eles
Não pode ser considerada pessoa.
Nem ser boa Presidente

E para uma borboleta na parede:
Acorda, acorda!
Vem ser minha amiga,
Borboleta que dorme!

E logo os cachorros lavradores
Acorreram às escadas
E,com ternura, a envolveram

O cavalo lusitano,
De nome "força do vento",
De repente,
A cumprimentou de patas no ar,
Contente.

O melro negro, vibrante, luzidio,
Madrugador, jovial;
Lhe soltou
Verdadeiras risadas de cristal.
E disse-lhe:
_"Bons dias!"
E Teresa respondeu:
_Como eu gosto das tuas cortesias.

E as pombas brancas no telhado,
Desceram para Teresa,
Para o pátio,
Bem para o meio.
E Teresa lhes atirou centeio
E foi agitar as rosas,
No canteiro:

E vê o melro, a assobiar, na eira,
Em cima do seu chapéu de penas, alto!
E Teresa o muro do canteiro,
galgou de um salto.

E como era habitual,
mas só ao domingo, antes da missa,
Gostava de tratar da hortaliça,
E rezava a Deus-Padre Omnipotente
Vários trechos latinos,
Salvando dessa forma, juntamente,
As ervilhas, as almas e os pepinos.

Ia subindo a escada,
Sua atlética figura,
E era vê-la ainda,
ralhar com os animais
com estrema ternura

Correu à sala, a O SÁDÃO
Que ostentava
E sem nenhuma confusão,
Pedro Paredes candidato
E já não mais o João.
E nimguém mais informava,
Mas que grande admiração!

_Está na mesa, o almoço.
Informava a empregada
_Nem me apetece comer nada,
Queria lançar já,
Mãos à empreitada...

Do almoço principesco,
Em companhia da família.
Quase não comeu nada,
Pouco mais do que pitada

-Esta noite acordei-te...
Procurava Teresa introduzir o assunto ao marido.
-Acordas-te?! Nem me lembro.
Respondeu ele.
_É por causa da Câmara, do Cds, de mim, percebes?! O Paredes é que é o candidato do PS - diz O SÁDÃO - estás a entender?!
-Ah, está bem. Mas não era o Massano?!
_Não. Decidiram em Lisboa, esta noite, que é o Paredes.
_Pois então que seja! Por mim pode ser qualquer um, lá eu me ralo com isso...
_Mas é que eu... sabes... é que assim já sou eu...
_És tu?! Então já não é o Paredes, nem o Massano! Afinal tu é que és?!
_Não. Não é isso. Sou eu e o Paredes...
Tu e o Paredes?! Os dois?! E o Massano também é?! Sois os três?!
-Não querido, não estás a entender...
-Nem quero, se não, também fico doido!
_Mas olha que tens de entrar nas listas...
_Hum...isso ainda vamos a ver!

Teresa levantou-se e foi para os aposentos para repousar e tentar fazer uma sesta, para se recompor daquela noite de pesadelo sem que, antes, não deixasse de voltar, mais uma vez, à net, à procura da noticia. Mas a noticia era só a de O SÁDÃO.
Nenhum órgão noticiava tão estrondosa novidade, mas O SÁDÃO, ostentava seguro, a decisão definitiva.
-Não há mais que esperar, O SÁDÃO é seguro. Vou a casa do primeiro casal de Alcácer imediatamente.

Entrou no aposento do toilete, ajeitou o cabelo, polvilhou-se com rouge e borrifou-se com o seu melhor perfume francês, deu um toque na gola do vestido, colocou cuidadosamente a encharpe de seda selvagem, pegou a chave do carro e desceu decidida.
Entrou no carro à pressa, partiu como uma flecha, louca e muda.
_Para onde vai com tanta pressa?
Perguntou o marido à empregada.
_Não sei, mas disse que ia ao Forno da Cal.



leia amanha o IV capitulo