14/01/10


por Osvaldo Castro
(Deputado do PS eleito pelo distrito de Setúbal)



Que 2010 seja o Ano da Esperança, assente na solidariedade e na confiança…

O último ano da primeira década do século XXI tem de ser, desejavelmente, o ano da viragem internacional e nacional no que se refere à recuperação económica e financeira. Se 2009 se revelou como o ano da maior crise internacional nos últimos 80 anos, com o cortejo de horrores que as falências de empresas e o correlativo desemprego sempre geram e a que o nosso país não ficou imune, o próximo ano tem inevitavelmente que se tornar no ano da recuperação. É evidente que a crise ainda persistirá em 2010, mas começam a vislumbrar-se nos vários indicadores económicos internacionais e nacionais uma recuperação lenta mas sustentada.




E nem se diga que o factor desemprego ainda não deu os sinais de contenção ou retrocesso que seriam indispensáveis, já que, é sabido, o desemprego só desacelera, em regra, meses após o crescimento económico se ancorar no aumento do investimento reprodutivo e nas exportações. Daí a necessidade de o próximo Orçamento de Estado se dever estribar no investimento público que crie emprego, o mesmo é dizer, optando pelas infra-estruturas de transportes e comunicações, de que a 3ª travessia do Tejo e o aeroporto são dois bons exemplos, mas também dirigindo o investimento, como aliás se vem fazendo, para a construção e recuperação de escolas, hospitais, barragens e energias renováveis. O mesmo é dizer, apostando em investimento público que, por um lado, suscite o empenhamento e o investimento das empresas privadas, designadamente das pequenas e médias, e por outro, seja um factor potenciador e gerador de emprego. Apoiar as empresas que se disponham a contribuir de forma decisiva para a recuperação económica e desse modo, criando emprego, deve ser um dos eixos orientadores do próximo OE e da subsequente acção governativa.



Encarar 2010 com confiança implica que o governo prossiga sem desfalecimentos na opção por medidas tendentes a apoiar as famílias que mais precisam, a apoiar os que têm pensões mais baixas e protegendo, mais e melhor, os desempregados. O aumento do salário mínimo é, seguramente, um dos indicadores que pode ajudar a insuflar confiança nos mais desprotegidos e nos que mais têm sentido a extensa crise que avassala o país.



Em 2010, o nosso país precisa de um governo focado na solidariedade com os desprotegidos e concentrado em inculcar sinais efectivos de confiança nos empresários e nos trabalhadores. Para tanto, o governo Sócrates empossado pelo presidente da República e legitimado pela Assembleia da República carece de ver responsavelmente viabilizado um Orçamento de Estado que assente nas linhas de força que a retoma previsível pode propiciar, mas que não ignore a necessidade de incluir medidas que tenham em conta a necessária contenção do défice, designadamente no concernente à despesa pública corrente.



Que 2010 possa ser o Ano da Esperança, assente na solidariedade dos poderes públicos e dos investidores privados e na confiança de todos os portugueses.

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