Greve dos Professores
Um sentido único
Por Agostinho Gonçalves
(Dep. PS)
Do lado da plataforma sindical continua a haver um radicalismo inaceitável que bate apenas numa tecla: suspensão da avaliação
Desde o 25 de Abril de 1974 que o Ministério da Educação foi fogueira que queimou todos os ministros que procuravam fazer da melhor maneira o cumprimento político do programa do seu Governo. Uns, contam-se por meses o tempo de exercício, sendo que, foram poucos, muito poucos, aqueles que levaram o mandato ao fim.
Foram nomeadas figuras de grande prestígio cultural, intelectual, cientifico, político e conhecedores do ramo educacional e quase todos saíram remodelados. Isto para lembrar a grande dificuldade política e o desgaste pessoal que “mora” na Av. 5 de Outubro. Quer professores, alunos, pessoal administrativo e auxiliar; quer organizações sindicais desencadearam sempre lutas enormes aos titulares da pasta da Educação.
Agora, é a vez da ministra Maria de Lurdes Rodrigues ser o alvo dos sindicatos dos professores, com o pretexto da não aceitação “desta avaliação”. Ora, vejamos algumas das medidas, que de momento me ocorrem, tomadas pela ministra:
1. Encerramento de um número considerável de escolas, designadamente as tinham menos de 10 alunos;
2. Prolongamento do horário escolar no 1º ciclo, com introdução de aulas de inglês, educação musical e ginástica;
3. Concurso plurianual de professores (dando mais estabilidade do corpo docente nas escolas);
4. Aulas de substituição. (Constata-se hoje haver mais assiduidades dos professores);
5. Novas regras de Gestão das Escolas;
6. Redução do número de professores a exercerem funções sindicais em benefício da actividade lectiva;
7. Gratuidade nas refeições aos alunos e mais apoio social às famílias para aquisição de livros. (procurando combater o abandono escolar);
8. Novo Estatuto do Aluno;
9. Novo Estatuto da Carreira Docente;
10. Finalmente, a Avaliação dos Professores.
Chegadas aqui, e admitindo até alguns erros de estratégia política, a senhora ministra está submetida a ataques cruzados. De um lado professores e sindicatos. Do outro os partidos da oposição. A CGTP e o PCP alimentam a agitação das “massas” com um calendário previamente acertado. O BE cavalga a onda do descontentamento do pessoal docente, vendo aqui oportunidade para possíveis ganhos eleitorais, em particular nos grandes centros urbanos.
O CDS e o PSD vêem a possibilidade do desprestígio da escola pública para assim poderem tecer loas à escola privada. Claro que a intervenção da ministra no comício do PS em Guimarães, quanto a mim bem, também leva os partidos da oposição a serem ainda mais cáusticos.
Em todo este contexto politico, em que se pretende a valorização da escola pública e, depois de tantas horas de reuniões, negociações e encontros em que o ministério aceitou sugestões para desburocratizar o modelo de avaliação, verifica-se que do lado da plataforma sindical continua a haver um radicalismo inaceitável que bate apenas numa tecla: suspensão da avaliação. A ministra com coragem, determinação e capacidade negocial demonstrada, só tem um caminho. Esse caminho é o de avançar com o processo. Depois de tudo o que se passou, se a avaliação fosse suspensa, seria a gargalhada geral e o descrédito de uma política que está a mudar a educação em Portugal.
23/12/08
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