09/11/08


PARA QUE SERVEM AS ESTRUTURAS PARTIDÁRIAS LOCAIS?


Será que vale a pena mantermos as actuais estruturas partidárias?

Não será melhor começar a pensar em fusões e consequente criação de estruturas que verdadeiramente tenham dimensão e relevância para cumprir os desafios que hoje em dia são colocados aos partidos políticos?

Por Celso Guedes de CarvalHo

CONFESSO que já há algum tempo
que esta interrogação me inquieta,
pelo que decidi passar para o papel
algumas das minhas reflexões sobre
a utilidade dos núcleos, Concelhias
e Federações do pS.
E o meu ponto de partida é: Será
que vale a pena mantermos as actuais
estruturas partidárias? não será
melhor começar a pensar em fusões
e consequente criação de estruturas
que verdadeiramente tenham dimensão
e relevância para cumprir
os desafios que hoje em dia são
colocados aos partidos políticos?
a actividade desenvolvida pelos
núcleos é raríssima. no meu caso,
por exemplo, nos últimos cinco
anos recebi apenas duas cartas
e directamente relacionadas com
actos eleitorais. nem debates,
nem avaliação da situação política,
nem propostas de trabalho sobre
as questões relacionadas com a
Freguesia…nada. E na Concelhia a
situação é muito similar.
Já a Federação realiza alguns
debates e envia os respectivos convites
(pena é que não seja feito um
enquadramento prévio).
Estará nesta altura a pensar que
isto não é novidade para ninguém.
Que todos os militantes sabem
disso.

Mas o que dizer aos novos
militantes que aderem ao PS e que
não conhecem esta prática de relacionamento
das estruturas locais?


Há sensivelmente um ano desafiei
uma pessoa amiga para passar a
militante do pS.
Após o processo burocrático,
eis que chega a 1ª carta oficial do
PS: um convite para um lanche e
entrega de uns prémios a alguns
militantes. a surpresa foi total!
a expectativa era uma carta de
boas-vindas do secretário-geral,
do presidente da Federação ou da
Concelhia ou uma lista dos direitos e
deveres de militância (entre outros).
Mas não, foi um convite para um
lanchinho. penso que concordará
comigo que não faz sentido.
O que se passa no PS (e com certeza
noutros partidos) é que algumas
estruturas partidárias apenas existem
no papel. nunca reúnem. apenas se
sabe da sua existência quando há
eleições internas. Outras funcionam
como cafés de duvidosa utilidade e
outras há que o seu paradeiro é pura
e simplesmente desconhecido da
maioria dos seus militantes.
penso que concordará comigo
que não faz sentido manter estas
estruturas, desperdiçar os escassos
recursos existentes e sermos
coniventes com o incumprimento
dos objectivos para os quais foram
criadas.
Estará nesta altura a pensar que
está a ler mais um diagnóstico.
Que até o actual secretário-geral
já o tinha descrito na sua moção.
Mas a verdade é que nada mudou.
por falta de vontade politica tudo
continua na mesma.
Pela minha parte, já tive oportunidade
de escrever que as estruturas
locais, nomeadamente as Concelhias
e Federações, podem desempenhar
um papel preponderante no aumento
da participação dos militantes no
partido Socialista (aS 1259, 1260,
1281). Mas como nada mudou eu
insisto. E aproveito o facto de me ter
acompanhado até aqui para passar
desde já a apresentar algumas ideias
sobre o que na minha opinião devem
ser actividades de uma Federação
(deixo as restantes estruturas para
outro artigo):

– uma Federação deve servir de
“plataforma logística” às concelhias
e núcleos. Ou seja, deve
ajudar as estruturas com menos
recursos a organizar a sua
actividade politica. Fomentar a
realização de eventos com essas
estruturas em vez de serem
apenas da responsabilidade da
Federação;
– lançar propostas de reflexão
sobre as politicas autárquicas do
distrito;
– promover a formação dos militantes
do Distrito para que estes
possam exercer melhor a sua
actividade politica;
– fazer benchmarking, ou seja,
identificar e disseminar as boas
práticas existentes nas estruturas
distritais;
– criar um gabinete de marketing
politico para apoio aos candidatos
do PS;
– congregar ideias, iniciativas e
programas eleitorais para que os
eleitores possam mais facilmente
perceber que existe uma matriz
comum em todas as candidaturas
autárquicas. para que os eleitores
percebam que o PS tem um projecto
distrital;
– fazer um estudo sobre a caracterização
dos militantes do distrito
para perceber quem é o seu público-
alvo interno;
– promover Comissões politicas Temáticas
abertas a militantes que
estejam interessados na temática
em análise.


apesar de serem apenas algumas
ideias avulso, partilham uma matriz
comum:
estão focalizadas nas necessidades,
desejos e expectativas
dos militantes e da população. E
isso é que deve ser verdadeiramente
relevante na actividade partidária.
as Federações devem assim desenvolver
projectos mobilizadores,
inovadores, de âmbito distrital e
que sirvam de alavancagem para as
actividades desenvolvidas pelas Concelhias
e pelos núcleos. Será assim
mais fácil aproximar e envolver os
militantes no projecto político de uma
Federação e, simultaneamente, este
ser relevante para a população.
O afastamento dos militantes e da
população em geral, bem como as
eleições internas que se avizinham
devem ser vistas como uma oportunidade
para, de uma vez por todas,
fazer a mudança. até porque, como
já tive oportunidade de afirmar, a
concorrência não dá aviso prévio.
Uma última nota para enviar um
abraço solidário para todas as estruturas
locais que não correspondem
ao retrato aqui traçado.

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