12/08/09

VAMOS TER BLOCO CENTRAL?

VILELA BORGES


O PROPÓSITO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
E A MARCA SANTANISTA.

O PS tem de refazer a ligação às massas urbanas e do interior, no caminho de uma cultura do entusiasmo das fraternidades plebeias, de não menos bom gosto que os togados púlpitos das academias.

A ideia de uma grande coligação foi posta na agenda política a propósito da visita de Estado, de Cavaco Silva, à Áustria. Também a Áustria está a ser governada por uma grande coligação que inclui o Partido Social Democrata com quem o partido Socialista sempre tem tido um fraterno relacionamento. E a receita da grande coligação surge, aqui, como remédio prudente para a actual crise mundial, socavado pelas aventuras financeiras do neoliberalismo. É preciso fazer sacrifícios e a gestão das dificuldades económicas convém que seja feita por uma ampla maioria representante das crenças e dos interesses das classes médias e populares. Mas em benefício da grandeza dos banqueiros e gestores do grande capital? Não é essa a direcção, por agora, do discreto Governo austríaco,balizado por um movimento de extrema direita demagógica e que conclama os desempregados, numa crescente estética de propaganda, na linha clássica dos anos 30. Então, os populismos de direita diziam-se anti burgueses e anti capitalistas, buscavam no vitalismo das periferias urbanas a força de choque da mudança política dita revolucionária. Mas nos anos 30, a grande coligação fez-se à esquerda, nas frentes populares: não resistiram ao ascenso demagógico da "obra dos pobres e desprotegidos", encabeçados nas verborreias salazarentas. Poderá a grande coligação de centro - o bloco central - refluir pela elegância politica o mau gosto das direitas radicais, miguelistas, em Portugal?

O PROPÓSITO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
E A MARCA SANTANISTA

Talvez seja este o propósito do Presidente da República e do seu círculo íntimo de conselheiros. Contudo, a marca Santanista da candidatura à Câmara de Lisboa diz-nos, bem pelo contrário, que o movimento político se lhe desvia por entre os dedos, como por entre os dedos da número dois destas ideias e iniciativas neo conservadoras a de certo, social democrata, Manuela Ferreira Leite. Para vencer, uma grande coligação tem de ter a energia popular e não, apenas, o bom gosto universitário das políticas de consenso. A demagogia de direita que ergueu o Estado Novo, tem já campo de manobra social e político. Não se afeiçoará às boas maneiras e ao modo da Aústria nostálgica dos Habsburgos. A hegemonia do bloco central, terá de ser de um partido popular: o partido socialista tem de refazer a ligação às massas urbanas e do interior, no caminho de uma cultura do entusiasmo das fraternidades plebeias, de não menos bom gosto que os togados púlpitos das academias.

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